A última ceia

Estavam reunidos Jesus e os apóstolos para a celebração de uma das primeiras festas da Páscoa Judaica. Esta mesma reunião já havia se repetido em anos anteriores.


Nesta que seria a última ceia, Jesus apela à vivência da lei de amor, segundo os princípios da verdade fraternidade que deve reinar na Humanidade.  Nela, o Cristo transmite as orientações finais e anuncia os acontecimentos que estavam porvir.


“E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas, 22:14-20). 

ÚLTIMA CEIA Boa Nova.pdf

O simbolismo do pão e do vinho representam a identificação do discípulo com o Mestre, “cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida” (Boa Nova, cap. 25) 

O pão e o vinho simbolizavam sua doutrina de amor, alimento para o Espírito e que precisa ser partilhado com todos, para que todos os Espíritos sejam saciados com o conhecimento que nutre a veste incorruptível e imortal.


Cairbar Schutel, no livro “Parábolas e ensinos de Jesus”, esclarece:

“As duas espécies pão e vinho, não são mais que alegorias que dão ideia da letra e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma ideia: letra e espírito.
Queria Jesus lembrar mais uma vez a seus discípulos que o seu corpo – que é a sua Doutrina – não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade.”


Importante destacar que antes do Mestre compartilhar suas orientações finais aos apóstolos, ele meditou, em silêncio. Em meio à todas as orientações e ao comportamento angustiado de seus apóstolos, Jesus advertiu, segundo nos relata Humberto de Campos no livro “Boa Nova”: “uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de estar pronto ao chamado da Providência Divina.


Não importa onde e como seja o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa União com Deus, em todas as circunstâncias.”


“(...) Em verdade, cumpre-me afirmar que não me será possível dizer-vos tudo agora; entretanto, mais tarde enviarei O Consolador que vos esclarecerá em meu nome, como agora vos falo em nome de meu Pai.”


“(...) para atingirem a porta estreita da renúncia redentora hão de encontrar, muitas vezes, o abandono, a ingratidão e o desentendimento dos seres mais queridos. Isso revelará a necessidade de cada qual firmar-se no seu caminho para Deus, por mais espinhoso e sombrio que ele seja.”


Descreve Humberto de Campos que, ao final da ceia, os apóstolos observaram que Jesus se ergueu e despiu a túnica singela e colocou uma toalha em torno da cintura à moda dos escravos mais íntimos, a serviço de seus senhores. Naquele momento se exemplificação, tomou de uma vaso de água perfumada e ajoelhou-se, lavando os pés dos discípulos: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos.”