O poder da oração

A oração, ou a prece, tem um poder que não é passível de medição, uma vez que ela é a chave que abre as portas do Infinito. Muito se diz a respeito da prece, mas muito pouco ainda conhecemos do seu mecanismo de funcionamento. Por isso ainda pouco valorizamos, e por vezes até a esquecemos.


O hábito de orar tem valor inestimável e deve ser exercido diariamente, pois tem o poder de criar um campo de forças positivas ao redor de quem ora. Outro grande benefício proporcionado pela prece é atrair o auxílio dos Espíritos benfeitores que, pelos canais da intuição ou da inspiração, vêm sustentar o indivíduo.


Dentro da Doutrina Espírita, fazemos a prece para os trabalhos de passe, ao iniciarmos e ao encerrarmos um estudo doutrinário. Em nosso cotidiano fazemos orações em diversos momentos; ao nos deitarmos e ao nos levantarmos nos momentos felizes ou de aflição.

Mas afinal, o que é prece?

Podemos dizer que a prece é uma projeção do pensamento, a partir do qual irá se estabelecer uma corrente fluídica cuja intensidade dependerá do teor vibratório de quem ora, e nisto reside o seu poder e o seu alcance, pois nesta relação fluídica o homem atrai para si a ajuda dos Espíritos Superiores a lhe inspirar bons pensamentos.


Por que pensamentos? 

Porque são a origem da quase totalidade de nossas ações. 


A prece é uma invocação e por meio dela colocamos nosso pensamento em contato com quem nos dirigimos. A prece é a expressão de um sentimento que sempre alcança a Deus, quando ditada pelo coração de quem ora.

A oração de Jesus

Jesus é o exemplo mais emblemático para demonstrar à Humanidade o valor da oração. Segundo os evangelhos bíblicos, o Cristo constantemente estava em sintonia com o seu Pai e frequentemente se recolhia em oração mais profunda, prescrevendo aos seus discípulos tal prática, como lemas na prescrição "Vigiem e orem, para não entrarem em tentação!" (Mateus, 26:41).


A título de inspiração para nossas preces, Jesus nos ditou a oração do Pai Nosso:

"Orai, portanto, assim: Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. Dá-nos o pão nosso de cada dia; perdoa as nossas dívidas, como também perdoamos nossos devedores; e não nos deixeis entregues à tentação, mas livrai-nos do mal."

Jesus, Mateus, 6:9-13

Existe uma maneira correta de fazer a prece?

A prece pode ser feita de vários modos, articulado ou em silêncio, por exemplo, e em qualquer lugar: no quarto, no transporte coletivo, no trabalho, na rua, seja onde for o resultado será o mesmo.


E, muito importante destacar, independe de forma porquanto os Espíritos hão dito sempre: A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração.


O Evangelho segundo o Espiritismo orienta que cada um de nós pode orar utilizando o vocabulário do seu dia a dia, sem qualquer ritual, sem qualquer formulário, em verdadeira conversa informal com Deus, nosso Pai Celestial, ou com Jesus, o Cristo, filho de Deus, nosso Mestre, irmão, amigo e companheiro de todas as horas, o ser mais perfeito que até agora habitou o planeta Terra, Modelo e Guia da Humanidade, ou, ainda, com nosso Espírito Protetor, nosso Anjo da Guarda [e todos temos o nosso Espírito Protetor, sem qualquer exceção], que pertence a uma ordem elevada e cuja missão é a de um pai com relação aos filhos: a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida (Livro dos Espíritos, questões 490 e 491) 

O que dizer das orações repetidas e decoradas?

As intermináveis ladainhas e “PAI NOSSOS”, repetidos algumas vezes, as rezas pronunciadas com os lábios apenas, que o coração não sente e a inteligência não compreende, não têm valor perante Deus. Jesus disse: “Não vos assemelheis aos hipócritas que pensam que pelo muito falar serão ouvidos” (Mateus C6:V7). O essencial é orar bem e não muito.

Por quem podemos orar?

Primeiramente por nós mesmos, por nossos parentes, pelos nossos amigos e

 inimigos, deste e do outro mundo; devemos orar pelos que sofrem e por aqueles

 por quem ninguém ora.


O Espírito Joanes, através da psicografia do médium Raul Teixeira no livro “Para uso diário” diz que a vibração da mente que ora tem o poder de iluminar consciências, de clarear discernimentos, trazendo solução para diversos problemas de difíceis aparências.

O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece explicando o processo da transmissão do pensamento: seja por quem se ora venha ao nosso chamado, ou para que nosso pensamento chegue até ele.

Como se propagam as boas vibrações de uma prece?

Para compreender isso, devemos considerar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no mesmo fluido universal que ocupa o espaço, como neste planeta estamos nós na atmosfera.


O ar é o veículo do som com a diferença que as vibrações do ar são circunscritas ao planeta Terra, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito. Então, logo que o pensamento é dirigido para um ser qualquer na Terra ou no espaço, de encarnado a desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um para o outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. A energia da corrente está na razão da energia do pensamento e da vontade.


É por esse meio que a prece é ouvida pelos espíritos onde quer que estejam; que eles se comunicam entre si; que nos transmitem as suas inspirações; que as relações se estabelecem a distância, etc.

Que podemos fazer através da prece?

Pela prece podemos fazer três coisas louvar, pedir e agradecer (Livro dos Espíritos, questão  659).


Mas o que isso significa?

O que pedir?

Em Mateus C26:V39, há a passagem amarga do Cristo, que antecedia as suas dores supremas no calvário , onde Ele nos diz: “Pai, se quiserdes, afasta de  mim este cálice, mas acima de tudo faça-se a Tua vontade e não a minha”.  Demonstrava-nos o Mestre que as Leis Naturais são sábias e justas e que são  aplicadas indistintamente. Assim, não peçamos “milagres ou prodígios”, mas tão  somente forças para suportar aquilo que não está ao nosso alcance mudar,  paciência, resignação, fé e coragem. 

O que diz a ciência?

A oração pode curar! E quem diz isso é a ciência. Vários estudos a esse respeito têm sido feitos nos últimos anos.


Cientistas da Universidade Duke confirmaram que a oração pode influenciar a capacidade orgânica de enfrentar doenças. Quando a pessoa ora ou canta músicas religiosas, é fortalecido o lobo frontal, parte do cérebro que ativa o sistema imunológico. De acordo com o mesmo estudo, a pessoa que tem fé vive 25% mais que os descrentes. Além disso, tem mais saúde física e mental, pressão arterial normal e um sistema de defesa orgânica muito mais forte.


O cientista Andrew Newberg, professor da Universidade da Pensilvânia (EUA), revela em seu livro How God Changes Your Brain ("Como Deus muda o seu cérebro") que quanto mais pensamos em Deus, mais intensamente serão as alterações dos circuitos neurais. Um novo estudo realizado na Universidade Thomas Jefferson, na Pensilvânia, nos Estados Unidos revela que a cura física pode ocorrer como resultado do poder da oração.


O estudo mostrou através de ressonâncias magnéticas do cérebro que há poder na oração e que religiosos ativam áreas específicas do cérebro. O estudo aponta que não é necessário ser um monge ou uma freira pra obter esses recursos, qualquer pessoa mesmo pessoas com problemas de memória também podem ativar essas áreas do cérebro com poucos minutos de concentração.

Como a prece pode nos ajudar?

Além das questões fisiológicas citas acima, existem também o lado espiritual e psicológico ligados a oração.


Lembremo-nos de um exemplo prático. Se não limparmos periodicamente o nosso quintal, a sujeira se acumula, o mato cresce, e há a proliferação de bichos. No

campo espiritual, se não limparmos o nosso psiquismo, os espíritos luminosos se afastam (mesmo que temporariamente), as trevas tomam conta favorecendo a ação de espíritos endurecidos.


A prece torna o homem melhor porque aquele que faz preces com fervor e

 confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons

 Espíritos para o assistir (Livro dos Espíritos, questão 660).


Entretanto, a prece não pode mudar a natureza das provas pelas quais o homem tem que passar, além disso nem sempre aquilo que o homem pede corresponde ao que realmente lhe convém. Tendo em vista sua felicidade futura, Deus, em Sua onisciência e suprema bondade, deixa de atender ao que lhe seria prejudicial.

No livro religião dos espíritos psicografia de Emmanuel por Chico Xavier, o benfeitor nos esclarece que; “A oração não suprime, de imediato, os quadros da provação, mas renova-nos o espírito, a fim de que ve­nhamos a sublimá-los ou removê-los”. 


A oração nos proporciona a luz necessária a enxergar a bússola e a estrada, podendo ver, surgirás, transformado e seguro, para seguir à frente, vencendo as armadilhas da sombra e as aperturas da marcha.

Conclusão

Assim concluímos que a oração deve ser presença continua na vida de todos  pois a conexão com Deus só nos traz benefícios, e a sua eficácia está na renovação íntima do homem, no sentimento verdadeiro, e deve prevalecer a linguagem do amor, de perdão e humildade para que ele possa assim, se elevar, fazer suas suplicas por auxílio e agradecer à Deus pela dádiva da vida.


A oração deve sempre se associar ao trabalho na jornada evolutiva do Espírito. No livro Caminho Verdade e Vida, psicografia de Emmanuel o benfeitor nos adverte; “Esforço e prece completam-se no todo da atividade espiritual. A criatura que apenas trabalhasse, sem método e sem descanso, acabaria desesperada, em horrível secura do coração; aquela que apenas se mantivesse genuflexa, estaria ameaçada de sucumbir pela paralisia e ociosidade.

A oração ilumina o trabalho, e a ação é como um livro de luz na vida espiritualizada.” Por isso oração e trabalho devem complementar. “Vigiai e Orai” nos recomendou o Mestre (Mateus C26:V41).