Já passou por dias em que tentou sufocar a tristeza porque te disseram para ser mais positivo e grato? Já se incomodou com a alegria constante nas redes sociais que você acessa? Já pensou que a felicidade bate à porta de todos, menos à sua?
Por que Deus permitiria um sentimento como a tristeza, se não estivesse em Seus planos o desenvolvimento e a reforma íntima do ser humano de bem?
A tristeza é um convite silencioso, que poucos compreendem em sua profundidade e em sua lição pedagógica, necessária para lidar com os sentimentos mais sutis da vida terrena.
Questão 920 do Livro dos Espíritos:
- O homem pode gozar na Terra uma felicidade completa?
Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação, mas dele depende abrandar os seus males e ser tão feliz quanto se pode ser na Terra.
Você se sente triste e desanimado por não ter o emprego dos seus sonhos?
O trabalho é uma lei divina, um meio de aperfeiçoar nossa inteligência e garantir que nosso corpo físico tenha os recursos necessários para se manter saudável durante nossa jornada na Terra.
Esse "trabalho dos sonhos" alimenta que tipo de vaidade em você? Ele serve para ajudar os irmãos encarnados, por meio da profissão escolhida, ou é apenas um status que você deseja para ser bem-visto entre os homens da Terra?
Você se sente triste por não ter a beleza que vê todos os dias nas redes sociais?
A conservação é uma lei divina, e a beleza que Jesus espera de nós ainda não é captada pelas redes sociais. É aquela capaz de iluminar onde antes havia trevas, a beleza de trazer paz em meio à turbulência.
Essa "beleza" que você almeja alimenta que tipo de vaidade? É por você, por sua saúde e integridade física, para ser um melhor instrumento de Deus? Ou é apenas para se encaixar em um padrão imposto?
Você se sente triste quando assiste uma grande calamidade?
A destruição é uma lei divina, mas isso não significa que devemos ser indiferentes. Pelo contrário, a fé no futuro e nas providências divinas deve ser nosso alicerce neste mundo de provas e expiações.
Jesus, em sua passagem pela Terra, orava em silêncio por aqueles que enfrentavam provações maiores que as dele. Da mesma forma, Deus nos deu o poder de orar e pedir sinceramente por aqueles que passam por provas mais duras que as nossas.
Essa "indignação" com problemas que não podemos solucionar alimenta que tipo de ira?
Ela acende sua chama para a caridade, ou serve apenas como motivo para reclamar e encontrar culpados pelos problemas da vida material?
Quando nossa tristeza é direcionada para um propósito, o desânimo, a preguiça e a ansiedade não encontram espaço para permanecer. Nosso desenvolvimento moral não depende diretamente das condições materiais, mas sim de uma lapidação de sentimentos.
Quando sufocamos nossa tristeza desde o início, sem cuidar dela como deveríamos, ela pode se transformar ao longo do tempo, evoluindo para desânimo, ansiedade e, em alguns casos, depressão.
O suicídio, segundo a psiquiatra Dra. Ana Beatriz, é um "apagão" momentâneo da realidade.
Acumular tristezas sem uma avaliação sincera torna a dor insuportável, pois não conseguimos encontrar uma solução palpável para aliviar todos os problemas acumulados de uma vez só. Aquela pequena tristeza, que apenas precisava de um momento de reflexão, pode se tornar uma depressão capaz de desencadear um suicídio.
Vou te convidar a assistir a um filme chamado Divertida Mente. Sim, é infantil, mas ele mostra como a alegria tenta sufocar a tristeza e impede que a personagem principal lide com o que realmente a incomoda. O filme aborda quatro pontos essenciais para o nosso desenvolvimento emocional e é uma ótima oportunidade para reflexão em família.
As principais lições são:
Todas as emoções importam, até as chamadas "negativas";
Mudanças podem ser inevitáveis, mas é importante entender quais sentimentos estamos carregando para a nova etapa;
Crises podem nos levar ao autoconhecimento, e, com o tempo, elas mudam de intensidade e importância;
Expressar-se, conversar e desabafar é fundamental para a "manutenção" dos sentimentos quando parecem descontrolados.
A tristeza é curativa e nos acende um alerta para a introspecção. Sinta-a, permita que ela fale com você e tente entender o verdadeiro motivo por trás desse sentimento. Se perceber que está difícil lidar com ela sozinho, procure ajuda antes que ocorra o "apagão" momentâneo.
"Venho ensinar e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, porque a dor estava presente no Jardim das Oliveiras, mas que esperem, porque os anjos consoladores virão enxugar as suas lágrimas". - E.S.E. | Capítulo VI - O Cristo Consolador - Item 6
Se o coração apertar, ore. Se não conseguir orar, cante. E, se até o canto for difícil, nos visite no Centro Espírita Amor e Caridade para fazer um atendimento fraterno sempre às quintas às 18h30. Podemos te ajudar a entender, à luz da Doutrina Espírita, como trabalhar sua tristeza para que ela seja apenas um alerta, e não um incômodo constante.
De forma didática e com importantes reflexões, André Trigueiro compartilha conosco informações sobre a realidade do suicida após o colapso orgânico, à luz do Espiritismo.
Lembrando que, para os espíritas, embora o suicídio jamais signifique alívio ou solução para os problemas, não há penas eternas.
No momento oportuno, haverá uma nova chance de fazer as escolhas certas.
Autora: Aline Carvalho
Co-autora: Marcela Oliveira